
A Agência Regulatória Europeia está investigando 3 casos na Islândia em pacientes que usavam o Ozempic, dois tiveram pensamentos suicidas e em um caso automutilação. De acordo com as informações até o presente momento, temos que considerar:
1) Foram estudados mais de 25 mil pacientes antes da Semaglutida ser liberada e nos estudos de fase 3 esses eventos adversos não apareceram.
2) Existe um protocolo padrão de “vigilância pós-marketing” em todos os medicamentos e que tentam estabelecer se esses efeitos colaterais que aparecem depois (e não estão descritos na bula) são realmente relacionados ao medicamento ou não. E devem mesmo ser investigados para a segurança de todos os pacientes que precisam usar a medicação. Sem necessidade de pânico. Esse procedimento acontece todos os dias com vários medicamentos.
3) A depressão está intimamente ligada a pacientes com Obesidade, e esses pensamentos negativos podem estar relacionados a doença em si e não ao medicamento. Nesses casos, o acompanhamento com psiquiatra é fundamental.
4) Os índices de depressão nos países nórdicos são mais elevados do que no resto do mundo e esses 3 casos ocorreram na Islândia. Por isso é fundamental a investigação em outros países.
5) O índice de suicídio após cirurgia bariátrica é alarmante. Isso (e vários outros motivos) reforça a necessidade de acompanhamento médico nos pacientes que sofrem de obesidade.
6) Todos (exatamente TODOS) os medicamentos possuem efeitos colaterais e indicações precisas e não devem ser usados sem prescrição e acompanhamento médico. Eu já disse aqui e repito: o maior problema dos análogos de GLP-1 é a venda aqui sem receita médica, o que faz que as pessoas usem de maneira indiscriminada, errada, sem indicação, fazendo vídeos nas redes sociais como se estivessem falando de um xampu e não de um medicamento. E obviamente isso é um prato cheio para uma mídia que, algumas vezes de maneira sensacionalista, adora falar sobre medicamentos para Obesidade porque vende muita matéria.
Ozempic não é cosmético.